terça-feira, 29 de março de 2016

VIVA AGORA

Durante a vida ouvimos muitos adágios populares, um dos mais comuns, diz “não deixe para amanhã o que se pode fazer hoje” e, ainda outro, “tempo é dinheiro”. Ainda assim, perdemos tempo absurdamente ocupados, gastamos a vida nos consumindo em rotinas sem sentido. E nas palavras de Confúcio “vivemos como se não fossemos morrer e morremos como se não tivéssemos vivido”.

Agendas cheias fazem parte da vida de todos nós e mesmo as crianças, já são levadas de um lado a outro num intenso frenesi de atividades, como se não pudessem ter um segundo sequer de tempo “desperdiçado”. Adultos então, pobres almas, não podem ter ao menos uma noite de sono. Não tem tempo para brincadeiras de crianças, criam os filhos quase sem os ver. Terceirizam sua educação, às vezes, a quem também não a teve e tentam preencher o vazio de relacionamento com... coisas, com qualquer coisa, que não seja tempo. Por que já não o possuem, porque são agora vítimas do tempo contra o qual correm. O relógio, qual feitor, não os permite baixar a guarda, não é possível perder, afinal “tempo é dinheiro”.

Olhamos com saudade para um passado, que não vivemos, com disponibilidade para deixar-se, preguiçosamente, balançar na rede e jogar conversa fora com os vizinhos à porta, nas noites quentes de verão. Almoçar juntos, dedicarmo-nos aos cuidados uns dos outros e de nós mesmos.

Tempo é vida! Ao consumir nosso tempo, seja em que tarefa for, consumimos nossa vida e tal qual vela gasta pela chama, vamos nos aproximando do fim. Somos seres em eterna construção, mas precisamos compreender que duramos pela efemeridade de uma vida e nada mais. Deve ser terrível contemplar a face fria do fim se arrependendo dos abraços não dados, dos beijos não roubados, dos perdões não concedidos (ou pedidos), das horas felizes rolando pelo chão com as crianças...

É preciso filtrar as informações e selecionar as tarefas a que vamos nos dedicar. Fazer o que é importante hoje, deixar de procrastinar. E, se me permitem deixar um conselho, vivam como se fossem morrer!

Alexandre Buchaul
Cirurgião-dentista
Especialista em Ortodontia
Qualificação em Gestão em Saúde no SUS – TCERJ
Delegado Regional do Sindicato dos Cirurgiões-Dentistas no Estado do Rio de Janeiro (SCDRJ)


segunda-feira, 21 de março de 2016

Política, um ato de amor!

Falar de política me leva a buscar sua origem grega, politikos, significando aquilo que é comum a pólis, cidade/estado, como a arte ou ciência de cuidar do bem comum. Em oposição à preocupação com os próprios assuntos, sem se importar com o coletivo, que dá origem ao termo idiota que, em sua origem, designava o indivíduo privado, que não se metia com a coisa pública. O filósofo Mário Sérgio Cortella aborda brilhantemente o assunto em palestras e em seu livro intitulado “Política para não ser idiota”.

A política pode ser vista como a mais nobre, e talvez a mais difícil, das atividades humanas. Implica envolver-se com os problemas comuns, assumir parcelas de responsabilidade e tornar-se parte da solução destes entraves. A participação no jogo político exige grau elevado de desprendimento e, habitualmente, cobra um alto preço aos detentores do poder.

Exercer o poder consciente das limitações humanas e com o desapego próprio dos monges não é tarefa para qualquer pessoa. Aqueles que se apaixonam pelos cargos e suas benesses, os amantes da boa vida, acabam por destruir suas famílias, causam dor e sofrimento a milhares e terminam manchando irremediavelmente suas biografias.

Em Homilia proferida em Missa na Casa Santa Marta, o Papa Francisco disse que o empenho na política é um bom caminho para os fiéis. Mencionou ainda que todos temos algo a dar, que não podemos lavar as mãos. Lembrou também que o hábito comum de apenas falar mal dos governantes sem colaborar com a solução dos problemas é um mau caminho.

Devemos assumir nossas responsabilidades na construção de um mundo melhor, na consumação da atividade política como meio para a concepção do bem comum. Precisamos atuar na afirmação do título deste artigo “Política, um ato de amor” e ainda o complementando “Política, um ato de amor ao próximo!”. E você qual caminho vai escolher?


Alexandre Buchaul
Cirurgião-dentista
Especialista em Ortodontia
Qualificação em Gestão em Saúde no SUS – TCERJ

Delegado Regional do Sindicato dos Cirurgiões-Dentistas no Estado do Rio de Janeiro (SCDRJ)

terça-feira, 15 de março de 2016

AURORA

Novas tecnologias impulsionam a comunicação. As notícias, falsas ou reais, giram pelo mundo num piscar de olhos. As necessidades de cada povo, em cada rincão, nos saltam aos olhos como se ali, na cozinha, tomassem um café. Sentimo-nos parte de um mundo que parece cada vez menor e se torna premente pensar para onde vamos, ou ao menos, para onde gostaríamos de ir, que destino quereríamos para este imenso globo azul.

As velhas práticas sendo questionadas com mais intensidade, novas gerações, novos interesses e perspectivas que à luz dos tempos se anunciam e, na velocidade de um raio, enchem de esperança os que se levantam, em substituição aos que cansados, de uma vida de lutas e decepções, se entregam.

Trevas ainda se agarram aos galhos retorcidos do tempo, prendem-se ao passado como querendo revivê-lo e tentam, em vão, impedir o ciclo da vida de seguir sua ordem, natural e imutável, de renovação. Aos poucos caem, esvaem pelos dedos suas últimas energias, debatem-se num último suspiro de agonia, uma tentativa derradeira de afirmar-se.

O novo, tímido ainda, nasce lentamente. Aos poucos quebra a casca que o mantinha alheio, se ergue e contempla o que tem ante a si. Vislumbra o mundo, o que foi, o que é. Sonha com o que poderia ter sido e com o que pode, ainda, ser.  

Contemplemos, também nós, esta nova aurora que surge e, com sua luz de esperança, dissipa as sombras que ainda teimam em se agarrar ao presente, quando fazem parte de um passado que queremos esquecer. Contemplemos este horizonte que se enche de luz e nos lancemos como águias em direção a nosso futuro.

Alexandre Buchaul
Cirurgião-dentista
Especialista em Ortodontia
Qualificação em Gestão em Saúde no SUS – TCERJ
Delegado Regional do Sindicato dos Cirurgiões-Dentistas no Estado do Rio de Janeiro (SCDRJ)



terça-feira, 8 de março de 2016

ASAS DA LIBERDADE

Em 1989 com o samba “LIBERDADE, LIBERDADE! ABRA AS ASAS SOBRE NÓS” a Imperatriz Leopoldinense encantou os brasileiros. Os versos Tratavam da abolição da escravatura e da proclamação da república, cujo hino lhes inspirou.

 Liberdade, liberdade!
Abra as asas sobre nós (bis)
E que a voz da igualdade
Seja sempre a nossa voz

Já passadas semanas desde o carnaval, trago esta lembrança como homenagem à liberdade e para inspirar a nós, como aos sambistas, a pensar sobre ela. A pensar o quanto somos verdadeiramente livres e senhores dos nossos destinos. Maquiavel já tratava, em seu célebre livro “O Príncipe”, de discutir acerca do que seria acaso (fortuna) e do que seriam empenho e dedicação (virtude) nos resultados que podemos esperar. Dizia ele, que considerando a fortuna governar a metade do que nos ocorre, ela ainda nos permitiria determinar outros cinquenta por cento ou pouco menos.

Vivenciamos um período de crises moral, ética, política e financeira. Passamos por delicado momento em que somos acochados pelos governos a pagar pela incompetência gerencial com numerosos e, cada vez mais pesados, impostos e taxas. Os preços administrados pelo poder público puxam para cima a inflação que já atinge os dois dígitos, quem viveu o período anterior ao Plano Real sentiu na pele os efeitos devastadores que são causados pelo descontrole inflacionário.

A discussão que cabe é saber até que ponto somos vítimas (fortuna) ou algozes (virtude) de nosso próprio destino. Quanto deste terrível quadro não tem em nossas ações, ou omissões, sua origem? Levantemos nossas vozes enquanto ainda as temos! Manifestemos nossas vontades enquanto ainda o podemos! Construamos juntos um futuro diferente! E que nas lutas, sob as tempestades, tenhamos as Asas da Liberdade abertas sobre nós e sejamos capazes de ouvir-lhe a voz a nos guiar.

Alexandre Buchaul
Cirurgião-dentista
Especialista em Ortodontia
Qualificação em Gestão em Saúde no SUS – TCERJ
Delegado Regional do Sindicato dos Cirurgiões-Dentistas no Estado do Rio de Janeiro (SCDRJ)



quinta-feira, 3 de março de 2016

PELEGOS

A primeira vez que ouvi esta palavra, pelego, era ainda criança, foi ouvindo os discos de vinil do cantor e hoje deputado federal Sérgio Reis com a minha, já falecida, avó Dona Élvia, mineira de Guiricema. Na música Saco de Ouro dos compositores Paraíso e José Caetano Erba há uma estrofe como segue:

Do lampião quebrado, só resta o pavio
Pra lembrar o frio eu também guardei
Um pelego branco que perdeu o pêlo
Apesar do zelo com que eu cuidei
Também o cachimbo de canudo longo
Quantos pernilongos com ele espantei
Um estribo esquerdo, que guardei com jeito
Porque o direito na cerca quebrei


A expressão “pelegos” designando sindicatos, que abandonavam suas categorias profissionais e submetiam-se aos interesses dos patrões, fazia referência à peça que, assim como os sindicatos amaciavam os trabalhadores, servia para tornar mais cômoda a montaria. Ainda hoje nos entristece ver órgãos classistas (sindicatos, associações etc) deixarem desamparados aqueles a quem deveriam defender.

A sindicalização dos profissionais é de grande importância na luta por condições adequadas de trabalho e na preservação de direitos conquistados ao longo da história, não raras vezes, a duras penas. Muitos foram perseguidos, difamados e alguns chegaram a ser presos e pagar com a vida seu envolvimento nas disputas sindicais.

Hoje, 29 de fevereiro de 2016,o Sindicato dos Cirurgiões-Dentistas no Estado do Rio de Janeiro (SCDRJ) realiza Audiência para discussão da Saúde Pública. Este é mais um passo na afirmação da já reconhecida representatividade dos profissionais da categoria e, também, um passo importante na busca pela consolidação do SUS com condições adequadas de trabalho, reconhecimento dos profissionais e qualidade de saúde para a população.

Afinal, lugar de pelego é nos arreios!

Alexandre Buchaul
Cirurgião-dentista
Especialista em Ortodontia
Qualificação em Gestão em Saúde no SUS – TCERJ
Delegado Regional do Sindicato dos Cirurgiões-Dentistas no Estado do Rio de Janeiro (SCDRJ)