segunda-feira, 27 de junho de 2016

Esperança

“Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer”
(Geraldo Vandré)

A composição de sucesso, segunda colocada no festival de música de 1968, escrita em tempos outros, de realidade diversa a que vivemos, não pode ser chamada antiga por manter-se viva e atual no chamamento que nos faz a ação. 

Precisamos nos mobilizar na direção do futuro que desejamos viver, sermos a mudança que esperamos ver no mundo. Neste artigo, um tanto quanto musical, me permitam trazer outra referência, de que já me vali no passado, para ilustrar a necessidade de nos envolvermos na solução dos problemas que queremos ver superados.

“Às vezes eu falo com a vida
Às vezes é ela quem diz 
Qual a paz que eu não quero
Conservar
Para tentar ser feliz” 
(O Rappa)

Sair da zona de conforto, fazer diferença, não é fácil, mas é o único caminho para atingirmos o sucesso, seja lá em que campo de atuação for. Família, trabalho, empresa, estudos, política... apenas obteremos resultados diferentes ao agirmos de forma diversa da que se tem por hábito. 

Na filosofia/mitologia grega há corrente de pensamento que trata a esperança como sendo a última das desgraças saídas da caixa de pandora. Assim a tratam, por considerar que as pessoas, ao manter viva a esperança, não agem. Mantém-se em imóvel espera, ansiando por melhor destino ou por superar os males do mundo. Entretanto, devemos ver a esperança como a espera por resultados planejados, obtidos a partir de nossa ação. Racionais, mensuráveis e com os quais se pode contar com algum grau de certeza. Ainda que a garantia absoluta nos seja inalcançável.

Ao atuar desta forma alcançamos vitórias palpáveis como a que foi por nós, profissionais liberais, conseguida na questão do ISSQN (imposto sobre serviços de qualquer natureza). A mobilização e a capacidade de diálogo, junto aos órgãos públicos, se mostrou efetiva e, mesmo diante da necessidade de reposição das perdas fiscais, os representantes da prefeitura se mostraram sensíveis a argumentação dos profissionais, sendo, assim, possível um acordo.

Devemos ter a esperança de dias melhores que virão na medida de nossa disposição em romper com a falsa paz que nos dá a zona de conforto, que virão na medida de nossa disposição para fazer acontecer. A hora é agora e só depende de nós!

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Porto Seguro

Muitos são nossos desejos. Queremos uma cidade melhor, mais próspera, com saúde, educação e segurança de qualidade. Mas como fazê-lo diante das limitações impostas por orçamentos e pela insegurança quanto às fontes de financiamento? Carece pensarmos a sustentabilidade de nossas cidades, de nossos sistemas urbanos. Aqui compreendendo-se o termo sustentabilidade em significado amplo de dar suporte a um processo ou atividade, por um determinado período e não apenas como uso consciente de recursos naturais.
Ao pleitearmos a construção de mais postos de saúde, escolas, creches, hospitais, praças... não nos damos, por vezes, conta de que são necessários recursos de investimento (para a efetivação das obras, aquisição e instalação de equipamentos) e também verba para custeio, para por em funcionamento, e manter assim, os equipamentos públicos. Os recursos para essas finalidades são obtidos junto à população através dos impostos, das taxas e contribuições. No Estado do Rio de janeiro, em especial nos municípios que recebem royalties da indústria de óleo e gás, o crescimento da máquina pública se deu sob financiamento dos petrodólares (agora em crise) e de recolhimentos diversos de impostos, também impactados pela flutuação da cotação do barril de petróleo e câmbio, dentre outros fatores. 
O desafio que se apresenta é administrar um elevado comprometimento de recursos com custeio, manutenção da máquina pública, em cenário de quedas de receita de todas as origens. Como manter toda a estrutura de proteção social, folha de funcionalismo, estrutura da saúde, da educação e ainda realizar os investimentos de que nosso povo tanto precisa? 
Precisamos conduzir o nosso grande município através desse mar revolto. Precisamos gerar desenvolvimento dentro de nossas fronteiras, manter o dinheiro circulando na economia local, fazer com que se multipliquem os negócios, com que cresça a riqueza produzida em nosso território. Temos que estimular e aproveitar todo o potencial do campista na consolidação de uma estrutura de sociedade capaz de se sustentar ao longo do tempo, mantendo os serviços públicos numa dependência menor de recursos voláteis e incertos. A condução deste navio precisa ser entregue a comandante experiente e tripulação capaz, para que não acabemos todos naufragando. 
 

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Recomeço

A perda do emprego, o atolamento em dívidas, uma reforma sem fim, relacionamentos que se acabam... situações ruins pelas quais quereríamos não ter de passar. Situações em que tudo parece perdido, as coisas nos fugindo ao controle, sentimos a aflição de não saber o rumo a tomar. Quando nos vemos assim, uma solução, talvez a melhor delas, é respirar fundo, parar tudo, esfriar a cabeça e começar de novo. E se não soubermos por onde começar? Então é melhor que seja pelo começo!

Precisamos ter a sensatez e a “Santa Desvergonha”, de que nos fala São Josemaria Escrivá, para sermos capazes de assumir erros e corrigir nossos rumos. É prudente que nos corrijamos desde o princípio e que tenhamos o zelo de cumprir cada etapa de nossos projetos com o máximo de empenho que nos seja possível. Esta é receita infalível para o sucesso!

Pensando assim o que deveríamos fazer diante de um sistema de saúde que, mesmo tendo sido criado a mais de 25 anos, ainda não foi implantado. Um SUS que permanece numa construção sem fim, num círculo de avanços e retrocessos que ao cabo de anos nos põem no mesmo lugar donde parece nunca termos saído?

Recomecemos! Recomecemos pelo princípio! Precisamos reestruturar a saúde básica, atuar na concepção de habitats dignos, saneados e seguros para a população. Precisamos de cobertura vacinal e de barreiras sanitárias para que o mal das Zicas do mundo não mais nos surpreenda. Precisamos atuar no estudo e na prevenção de doenças que sendo evitáveis ainda causam vítimas às centenas. Precisamos de pré-natais seguros, de infância assistida e plena... de velhice digna.

Várias possíveis soluções nos são apresentadas por estudiosos da saúde pública e não são aplicadas por deficiências de orçamento, de conhecimento e, principalmente, de gestão. O sistema de saúde da Inglaterra tem alguns bons exemplos a serem seguidos e, também, alguns erros para serem estudados e não repetidos. O estabelecimento de mecanismos de controle e avaliação eficazes, para a atuação do SUS, já seriam suficientes, para nos dar informações importantes no sentido de aperfeiçoamento do serviço. Na correção de distorções e na mais que necessária eliminação de desperdícios, ociosidades e ineficiências.


 Precisamos começar pelo começo, precisamos é de homens capazes para isso. Agora, quem faz a seleção é você!

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Sucessão

Temos preocupação maior que nossos filhos? Queremos que cresçam e se desenvolvam em plenitude, que sejam bons estudantes, bons profissionais, bons maridos ou esposas e por fim bons pais. Atentamos para que sejam capazes de dar continuidade a família após a nossa partida, para que sejam nossos sucessores. Nas empresas, a preparação da sucessão deve começar bem cedo, muito antes que se faça, de fato, necessária, a fim de que os esforços dos fundadores não sejam perdidos na geração seguinte.

Ainda assim, crendo terem todas as famílias em seus filhos o maior bem, assistimos a derrocada que produz a falta de preparação dos descendentes para substituírem seus pais. Rompimentos, desavenças e brigas por herança... afastamentos e divisões que tornam os laços frágeis. No mundo corporativo vemos grandes negócios se transformarem em nada, incapazes de tocar os afazeres, herdeiros dilapidam patrimônios construídos à custa de, não raras vezes, muitas gerações.

Relacionamento humano é política e, assim sendo, fica também a sucessão dos nossos governos sujeita as mesmas situações. Administrações bem avaliadas são sucedidas por líderes pífios e carentes de legitimidade que permitem que se ponha a perder tudo que a grande preço foi conquistado. Mas diferente do que ocorre com as famílias, onde os laços de sangue ditam a sucessão, na administração pública é o povo que decide quem serão os sucessores dos atuais mandatários.

Escolher um novo governo não significa estabelecer o rompimento com as administrações anteriores, mas selecionar representantes que renovem as lideranças sendo capazes de consolidar as conquistas já estabelecidas. Pessoas com capacidade, qualificação e, principalmente, sabedoria para ponderar e compreender os avanços obtidos, dentro do contexto social que vivemos, implementando novas medidas e até novos direcionamentos sem, contudo, descontinuar a tênue linha de avanço que as medidas de governos anteriores tenham estabelecido.

É bem difícil encontrar alguém com todas estas características e competências. Por isso as famílias, as empresas e também os governos tem tanta dificuldade em indicar sucessores. Precisamos nos preparar, ao longo dos anos, para a passagem do bastão nesta corrida de revezamento que é a vida. Precisamos compreender que haverá o tempo de permitir que outros assumam as responsabilidades e devemos, sempre, preparar a nós mesmos e aos nossos para este processo que, apesar de natural, não é simples.


Na escolha de novos líderes importa que não deixemos o estímulo que vem de novidades inconstantes embace nossos olhos e nos impeça de ver com clareza o rumo a tomar.