Temos preocupação maior que
nossos filhos? Queremos que cresçam e se desenvolvam em plenitude, que sejam
bons estudantes, bons profissionais, bons maridos ou esposas e por fim bons
pais. Atentamos para que sejam capazes de dar continuidade a família após a
nossa partida, para que sejam nossos sucessores. Nas empresas, a preparação da
sucessão deve começar bem cedo, muito antes que se faça, de fato, necessária, a
fim de que os esforços dos fundadores não sejam perdidos na geração seguinte.
Ainda assim, crendo terem todas
as famílias em seus filhos o maior bem, assistimos a derrocada que produz a
falta de preparação dos descendentes para substituírem seus pais. Rompimentos,
desavenças e brigas por herança... afastamentos e divisões que tornam os laços
frágeis. No mundo corporativo vemos grandes negócios se transformarem em nada,
incapazes de tocar os afazeres, herdeiros dilapidam patrimônios construídos à
custa de, não raras vezes, muitas gerações.
Relacionamento humano é política
e, assim sendo, fica também a sucessão dos nossos governos sujeita as mesmas
situações. Administrações bem avaliadas são sucedidas por líderes pífios e
carentes de legitimidade que permitem que se ponha a perder tudo que a grande
preço foi conquistado. Mas diferente do que ocorre com as famílias, onde os
laços de sangue ditam a sucessão, na administração pública é o povo que decide
quem serão os sucessores dos atuais mandatários.
Escolher um novo governo não
significa estabelecer o rompimento com as administrações anteriores, mas
selecionar representantes que renovem as lideranças sendo capazes de consolidar
as conquistas já estabelecidas. Pessoas com capacidade, qualificação e,
principalmente, sabedoria para ponderar e compreender os avanços obtidos,
dentro do contexto social que vivemos, implementando novas medidas e até novos
direcionamentos sem, contudo, descontinuar a tênue linha de avanço que as
medidas de governos anteriores tenham estabelecido.
É bem difícil encontrar alguém
com todas estas características e competências. Por isso as famílias, as
empresas e também os governos tem tanta dificuldade em indicar sucessores.
Precisamos nos preparar, ao longo dos anos, para a passagem do bastão nesta
corrida de revezamento que é a vida. Precisamos compreender que haverá o tempo
de permitir que outros assumam as responsabilidades e devemos, sempre, preparar
a nós mesmos e aos nossos para este processo que, apesar de natural, não é
simples.
Na escolha de novos líderes
importa que não deixemos o estímulo que vem de novidades inconstantes embace
nossos olhos e nos impeça de ver com clareza o rumo a tomar.
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