segunda-feira, 6 de junho de 2016

Sucessão

Temos preocupação maior que nossos filhos? Queremos que cresçam e se desenvolvam em plenitude, que sejam bons estudantes, bons profissionais, bons maridos ou esposas e por fim bons pais. Atentamos para que sejam capazes de dar continuidade a família após a nossa partida, para que sejam nossos sucessores. Nas empresas, a preparação da sucessão deve começar bem cedo, muito antes que se faça, de fato, necessária, a fim de que os esforços dos fundadores não sejam perdidos na geração seguinte.

Ainda assim, crendo terem todas as famílias em seus filhos o maior bem, assistimos a derrocada que produz a falta de preparação dos descendentes para substituírem seus pais. Rompimentos, desavenças e brigas por herança... afastamentos e divisões que tornam os laços frágeis. No mundo corporativo vemos grandes negócios se transformarem em nada, incapazes de tocar os afazeres, herdeiros dilapidam patrimônios construídos à custa de, não raras vezes, muitas gerações.

Relacionamento humano é política e, assim sendo, fica também a sucessão dos nossos governos sujeita as mesmas situações. Administrações bem avaliadas são sucedidas por líderes pífios e carentes de legitimidade que permitem que se ponha a perder tudo que a grande preço foi conquistado. Mas diferente do que ocorre com as famílias, onde os laços de sangue ditam a sucessão, na administração pública é o povo que decide quem serão os sucessores dos atuais mandatários.

Escolher um novo governo não significa estabelecer o rompimento com as administrações anteriores, mas selecionar representantes que renovem as lideranças sendo capazes de consolidar as conquistas já estabelecidas. Pessoas com capacidade, qualificação e, principalmente, sabedoria para ponderar e compreender os avanços obtidos, dentro do contexto social que vivemos, implementando novas medidas e até novos direcionamentos sem, contudo, descontinuar a tênue linha de avanço que as medidas de governos anteriores tenham estabelecido.

É bem difícil encontrar alguém com todas estas características e competências. Por isso as famílias, as empresas e também os governos tem tanta dificuldade em indicar sucessores. Precisamos nos preparar, ao longo dos anos, para a passagem do bastão nesta corrida de revezamento que é a vida. Precisamos compreender que haverá o tempo de permitir que outros assumam as responsabilidades e devemos, sempre, preparar a nós mesmos e aos nossos para este processo que, apesar de natural, não é simples.


Na escolha de novos líderes importa que não deixemos o estímulo que vem de novidades inconstantes embace nossos olhos e nos impeça de ver com clareza o rumo a tomar.

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